quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Eu tenho dualidade.


Não sei ao certo se um dia morrerei sorrindo ou tentando. Se as crônicas permanecerão estáticas, como se tudo dissesse para ter fim. Entre gritos e sussurros eu me torno inconstante, inconsciente. A respiração deixa de ser sobrevivência e passa a ser movimentação. Meu corpo da existência à alienação. Conglomerados de sentimentos e pensamentos que me tiram da óptica humana: “Prazer, meu nome é bicho”. Sou tão orgânico quanto o bife do meu prato. Sou tão eficiente quanta a melancia e seus caroços. E, sem cautela alguma, posso afirmar que sou gente. Com sentimentos, ou sem eles. Com pensamentos ou não. Sou humanamente animal, sou morte como todos. Sou ciclo porque sou todos eles, sou único. Diferencia-me porque não sou único. Me marque, me corte, me maltrate para que eu seja,  não seja. Desfigure-me para a plenitude. A homogeneização. 


Fábio Pinheiro.  

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Não seja santa.

        Talvez essa não seja a minha primeira vez. Mas foi. Tocava " Pumped up Kicks" e eu delirava. Eu amava, era realmente inocente a melodia entre sussurros.Você se lembra do meu nome? Me abraçaria dizendo que sou louco. Você me diria o quanto eu preciso de cigarros e vodka, sim eu sei. Talvez essa não seja a minha primeira vez. Mas foi. Não foi, nunca fumei. Quando eu te dominava, a sombra de nós dois era apenas uma. Nossa respiração era única. Fúnebre. Você sorria como em uma cena clichê de um filme qualquer. Tudo em mim explodia porque você sabia fazer. Porque a paz era a nossa guerra, se lembra?  E você me deixava vencer. Nossa dança, no ritual do mal. Não pense que eu sou um depravado. Talvez essa não seja a minha primeira vez. Não foi. Foi. Seu gosto era único. Sabor de muitos. Mas seu corpo era apenas meu. Em horas que pareciam dias. Em dias que pareciam meses. Em gritos que pareciam vontades. Vontades em forma de música. 

Fábio Pinheiro.