sábado, 2 de janeiro de 2016

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Meu querido diário,

Escrevo-te por desespero no calor árduo da lucidez. Estou eufórico por clichês espontâneos dos filmes não estereotipados que assisto. Deixo claro que não falo de arte moderna, falo de alma aberta com pedacinhos do bulcólico neoclássico. Poderia fazer de você fruto de muitas virtudes literárias, mas de que serviria um diário do século XXI? A fossa das lágrimas alegres de um menino. Sim, epopeias sem ideias de um navegante do novo século. Me imaginaria sorrindo. Fariam 23 graus. Eu vestiria as calças mais apertadas dos dois hemisférios. As botas de couro artesanal argentinas compradas na corrientes. Uma blusa listrada que compraria de segunda mão, óculos de bamboo -dizem que é a madeira do milênio -  Uma jaqueta, a jaqueta jeans que me dá super poderes e você no meu coração. Talvez assim, somente assim, eu poderia ter o mesmo sorriso do menino pálido do aeroporto. O sorriso mais bonito que já pude ver, amarelado como madeira, alinhados como peças pré moldadas antes da grande depressão de 1929. 21 anos que me fizeram entrar em crise. Ele era eu no futuro feliz de um jovem de 21 anos. 21 - vinte e um anos - eu tenho vinte e um. Talvez me falte um passaporte e coragem, muita coragem para me sentar no chão e ler o meu livro favorito.

Fábio Pinheiro.