quinta-feira, 9 de junho de 2016

Julho


Na monotonia do não ser, foi.
Em caminhadas apertadas, 
Futuros em caixas embrulhadas,
Celofane, papel decorado, balas marfim.

Olhos de mar morto, 
Ele era salgado,
Sal árido, que rasgado, gotejava em mim.

Alvejado entre tiros 
Dava-se a beleza distorcida as armas da moral.
Cinderela sem abóbora, suburbana de cristal.
Era escravidão não consentida, negritude de pele polida.

De tantos meses, escolhi o teu. 
Dos céus de prata de liberdade mascarada.
Mal amores que de certo ou errado eu contava.

Fluides de vontades tão tóxicas quanto eu. 
Entre vísceras de um passado, presentes de festim colorido.
Porto flutuante,
somos os amantes de um homem dividido

Venho-lhe até aqui para dizer-te que sou teu.
Desejo que todo o meu veneno com teu sal,
que toda a minha loucura, não seja gole de uma cena final. 

Fábio Pinheiro.