sexta-feira, 3 de março de 2017

Porto de Quimera


Como em um sonho ele me acordou.
Meio desconsertado, sim ele era. 
E eu, não menos, um silêncio entre 
olhares de espera. 

Dentes alinhados como trilhos de trem,
cabelos desgrenhados como as tristezas 
que vão e vem. 

No silêncio do ápice, entre meias luzes,
cortadas pelas frechas do momento.
Minha alma era parte morta,  
você um porto, instável com o vento. 

Sua mão segurou a minha, e não havia ali,
nem depois,
meia vontade para partir. 

Estava declarado o fracasso por completo. 
Não se tratava de ter um navio,
Sem mais espera, 
As lágrimas clamavam por um porto de quimera. 

Meus sonhos eram parte final de um desvaneio. 
Meus navios,
abismos com buracos marcados no meio. 

A este diário de bordo posso confessar que me perdi. 
Talvez me ache na confusão das certeza que tinha,  
Aqui jaz morto, afogado, entre folhas na escrivaninha. 



Fábio Pinheiro