quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Uma manhã em São Paulo

Uma blusa barata de departamento.
Moedas no bolso, um perfume que não sei o nome.
Eu estou tão cansado disso tudo
tristezas de menino, gemidos de um homem. 

Talvez eu já saiba o que quero. 
Virar dois dias fora de casa, e provar para mim mesmo que eu posso.
Gozar duas vezes na cara, as roupas na mala, 
Sussurros entre um breve Pai Nosso. 

Lavar as minhas mãos para a vida.
Desfrutar do tempo que não volta, ser espelho que desfoca
Sorrir como ele sorria, viver como ele vivia
nas luzes da sua janela.


                                                                                                         Fábio Pinheiro