terça-feira, 21 de outubro de 2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Meu amor, eu sou valente.

Desistir em tom de vitória, mudar de ideia acreditando no discurso da própria história . Quem saberia, se é ou não a verdade? Murchar como um balão em chamas, apodrecer como um cacho de bananas. E toda a luta, o beijo, a cena que me figura como puta? Era eu em palavra, em sombreado. Hoje é gesto. É alegria. Selvageria. Marcas que provam que eu presto. Querida, não morra. Você ainda se lembra? Era a nossa valsa. Em Nantes e Nova York. Você lutava contra o ditador e eu aplaudia, ria e dizia o quão era encantador. Você me falava do mundo que lhe pertencia. Riamos da corte, perdurávamos, juntos, todas as noites. Tudo era sonho, desejo. Levanta essa cabeça porque não se pode ter medo. Se o coelho diz: " É tarde, é tarde, é tarde", devemos ir ao chá. Se exclamam que não podemos, derrubamos todas as ditaduras, mas fazemos. E a morte se aproxima. Correndo contra o tempo, com boinas coloridas, a mesma essência de palavras ao vento. 
Fábio Pinheiro.