segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O solitário teatro fantástico.


 De todos os sentimentos que já me rodearam. Não foi do amor que senti mais medo. Da própria raiva que tive do amor, ou da vingança que mantive em segredo. Acredito que, a soberba ignorância, a falta de verdade na sombra da vontade. Essas sim, já foram as minhas essências.
- Por quê?
Se um dia alguém me perguntasse, talvez morresse sem responder...
- Ser um reflexo.
 Uma resposta inconsciente, mastigada dentre os dentes, meu corpo daria sem permissão. A impotência de ser feliz, o medo de expor a cicatriz. A lágrima que ficou guardada no selado e ríspido passado. 
Foi então que tomei coragem, rompi os medos e sangrei como se a vida voltasse. Era um embrião que ganhava vidas, era um morto que contava todas as suas feridas.
" Mas se insistissem em me perguntar do por quê?"
Era repugnante pensar, dizer com todas as letras que não sabia. Só eram vontades que iam e vinham. E guiavam-no, guiavam-me. Porque todos eles eram eu. Todas as vontades, sentimentos, mentiras e verdades. Eram todos eu. E quando me perguntaram pela última vez do "por quê?". Olhei a todos de cima. Pois tudo já tinha começado. E nem a própria morte, feita a tom de pecado, responderia. 

Fábio Pinheiro.